29 de julho de 2010


28/07/2010
 às 19:52 \ Direto ao Ponto

Mercadante acusa o governo paulista de transformar escolas em fábricas de lulas

Na mais recente edição do Monitoramento de Educação para Todos, divulgado em janeiro pela Unesco, o Brasil ocupa um bisonho 88° lugar no ranking que incluiu 128 países. Nenhuma surpresa. O sistema educacional brasileiro está em frangalhos. Os investimentos do governo Lula são anêmicos. O ministro Fernando Haddad não consegue organizar sem sobressaltos sequer um exame do Enem. Existem no país 14,2 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, metade dos quais sobrevive no Nordeste.
O Tribunal Superior Eleitoral divulgou há dias o tamanho e o perfil do eleitorado brasileiro. Como registra Roberto Pompeu de Toledo na edição de VEJA desta semana, 5,9% dos 135,8 milhões de eleitores são analfabetos, 14,6 dizem saber ler e escrever, mas não frequentaram a escola, e 33% frequentaram a escola, mas não chegaram a concluir o primeiro grau. “Na soma das três categorias, 53,5% do eleitorado na melhor das hipóteses resvalou pela escola”, constata o colunista.
Até os carrinhos de pipoca estacionados nas portas dos colégios sabem que São Paulo, embora também esteja longe do estágio alcançado por países do Primeiro Mundo, tem o desempenho menos lastimável entre todos os Estados.  Só o senador Aloizio Mercadante não sabe disso ─ ou finge que não sabe, o que dá no mesmo. Nesta quarta-feira, durante a sabatina promovida pelo UOL, o candidato a governador ensinou que a educação vai  bem no Brasil inteiro, menos em São Paulo. Por culpa dos tucanos, naturalmente.
Depois de afirmar que as escolas paulistas foram transformadas em fábricas de ignorantes (e por isso mesmo fortes candidatos ao desemprego), Mercadante declarou-se prisioneiro da angústia. “O que você fala para um menino que está há 12 anos na escola do PSDB e agora chega no final do ensino médio e não sabe o que vai fazer?”, perguntou aos brados o Herói da Rendição. “Como é que vai entrar no mercado de trabalho se não tem o domínio básico da leitura, das primeiras contas, da aritmética, da matemática, do conhecimento básico?”
Há pelo menos 30 anos, afinado com todos os companheiros diplomados ou não, ele  garante que não é preciso estudar para ser presidente da República. Há pelo menos 20 recita que qualquer reparo à formação indigente do chefe é coisa de preconceituoso. Há sete anos e meio  repete que o maior dos governantes desde a primeira caravela é a prova viva de que a acumulação de conhecimentos é hobby de elitista. Só agora resolveu inquietar-se com o fantasma da ignorância.
O que dizer a um jovem que precisa de emprego mas “não tem o domínio básico da leitura, das primeiras contas, da aritmética, da matemática, do conhecimento básico?” Boa pergunta, deveriam apartear em coro os jornalistas presentes, para em seguida responder aos berros: “Diga ao menino que ele pode virar presidente da República!” Talvez consiga um segundo mandato. E escreva o prefácio de outro livro do companheiro Aloízio Mercadante.
Augusto Nunes.

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