9 de agosto de 2010

.ESCÂNDALDO DA PREVI – É ainda mais grave do que o do mensalão


O caso do bunker montado na Previ para fazer “dossiês com conteúdo ofensivo para atingir e desmoralizar adversários políticos” de Lula e do PT (as palavras entre aspas e em vermelho são de Gerado Santiago, um dos que faziam o papelório) é, entendo, a denúncia mais grave surgida contra este governo — mais grave, se quiserem saber, do que o mensalão. Explico-me.

Aquele caso, evidentemente, é escandaloso. Potencialmente, desmoralizava a democracia à medida que buscava criar uma espécie de “Congresso do B”, financiando parlamentares com dinheiro de propina para que fizessem a vontade do governo. Ficou caracterizada também uma espécie de “compra” de partidos políticos, com porteira fechada e tudo. Consolidada a prática, a democracia, obviamente, sairia enfraquecida porque um dos Poderes da República estaria não sob influência, mas sob gerência dos porões do Executivo.
Assim, não se duvide: tratou-se de um atentado à democracia.
O bunker montado na Previ atenta diretamente contra os direitos fundamentais e políticos garantidos pela Constituição Brasileira. Estamos falando da Hidra de Lerna do Estado totalitário mostrando as suas muitas cabeças.  Não está mais no ovo. Já nasceu. Já veio à luz. Está presente — revela-o, na prática, Gerardo Santiago, que foi seu funcionário — em várias instâncias do Estado ou em entes para-estatais, como é o caso dos fundos de pensão. Pessoas estão lá organizadas não para cuidar do fundo, de suas necessidades etc, mas para atuar como uma espécie de polícia política do PT e do governo. Ninguém está fora de seu radar.
Só na Previ? Santiago dá a entender que não. O grupo é grande. Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB, teve seu sigilo fiscal quebrado ilegalmente na própria Receita, que é o ente a quem cabe guardá-lo. Bem, não custa lembrar que o caseiro Francenildo, um homem humildade, foi feito um “inimigo” dos poderosos da hora e teve invadido o seu sigilo bancário. JORNALISTAS PARTICIPARAM DA OPERAÇÃO, O QUE É ASQUEROSO. Antonio Palocci, beneficiário da ilegalidade, que teve acesso ao dado conseguido ilegalmente, é um dos principais assessores de Dilma Rousseff. Circula por aí o seu charme de petista moderno e é visto por empresários como o garoto papo-firme do iê-iê-iê da Dilma. Devem acreditar que esse negócio de escarafunchar dados sigilosos é coisa que só atinge… caseiros. Não, senhores! Francenildo é qualquer um.
A entrevista de Gerardo Santiago deixa claro que a maquina começou a se organizar no estado e em seus entes associados há bastante tempo. E tem notável capacidade de pautar a imprensa, que passa a ser, então, uma espécie de funcionária aplicada do grupo.
Santiago revela que ninguém menos do que a então líder do governo no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC) bradou numa CPI, referindo-se ao deputado ACM Neto: “Ninguém tem nada contra esse moleque?” Entenderam? Ela estava perdendo o embate na CPI e precisava de alguma coisa extra-comissão. Sim, o bunker da Previ tinha lá uma acusação contra o avô do parlamentar — e Ideli, segundo o ex-diretor, começou a dar pulinhos de alegria. Aquilo que havia sido produzido na base da bandidagem, da ilegalidade, da safadeza, serviu a uma senadora da República para fazer política e virou matéria de capa da revista Carta Capital. É verdade que quase ninguém lê aquilo, mas a rede de difamação se encarrega de espalhar o “material jornalístico”.
Insisto: ou as entidades e organismos encarregados da defesa da lei e da Constituição reagem à altura do agravo à Carta, ou se candidatam todos a ser subordinados da Hidra — e isso vale também para a imprensa.
Encerro lembrando que chego a achar engaçados aqueles que me dizem de vez em quando: “Pô, Reinaldo, você fala em coisas como totalitarismo, hidra… Isso sataniza o PT; é um exagero”. Não! Quem “exagera” é o partido. Eu só estou defendendo o Artigo 5º da Constituição. E para o arremate: estamos diante de uma cultura. Como é mesmo que o PT anda pedindo dinheiro às empresas para a campanha de Dilma? Assim:
Em 2006. procurei sua empresa como coordenador financeiro da campanha de reeleição do presidente Lula. Naquele momento, sua empresa não aceitou o convite para contribuir com nossa campanha. De todo modo, acredito que ela tenha se beneficiado com os avanços conquistados pelo Brasil…”
Eis aí: essa é a linguagem do novos “donos do poder”.
Por Reinaldo Azevedo

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