O caso do bunker montado na Previ para fazer “dossiês com conteúdo ofensivo para atingir e desmoralizar adversários políticos” de Lula e do PT (as palavras entre aspas e em vermelho são de Gerado Santiago, um dos que faziam o papelório) é, entendo, a denúncia mais grave surgida contra este governo — mais grave, se quiserem saber, do que o mensalão. Explico-me.
Aquele caso, evidentemente, é escandaloso. Potencialmente, desmoralizava a democracia à medida que buscava criar uma espécie de “Congresso do B”, financiando parlamentares com dinheiro de propina para que fizessem a vontade do governo. Ficou caracterizada também uma espécie de “compra” de partidos políticos, com porteira fechada e tudo. Consolidada a prática, a democracia, obviamente, sairia enfraquecida porque um dos Poderes da República estaria não sob influência, mas sob gerência dos porões do Executivo.
Assim, não se duvide: tratou-se de um atentado à democracia.
O bunker montado na Previ atenta diretamente contra os direitos fundamentais e políticos garantidos pela Constituição Brasileira. Estamos falando da Hidra de Lerna do Estado totalitário mostrando as suas muitas cabeças. Não está mais no ovo. Já nasceu. Já veio à luz. Está presente — revela-o, na prática, Gerardo Santiago, que foi seu funcionário — em várias instâncias do Estado ou em entes para-estatais, como é o caso dos fundos de pensão. Pessoas estão lá organizadas não para cuidar do fundo, de suas necessidades etc, mas para atuar como uma espécie de polícia política do PT e do governo. Ninguém está fora de seu radar.
Só na Previ? Santiago dá a entender que não. O grupo é grande. Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB, teve seu sigilo fiscal quebrado ilegalmente na própria Receita, que é o ente a quem cabe guardá-lo. Bem, não custa lembrar que o caseiro Francenildo, um homem humildade, foi feito um “inimigo” dos poderosos da hora e teve invadido o seu sigilo bancário. JORNALISTAS PARTICIPARAM DA OPERAÇÃO, O QUE É ASQUEROSO. Antonio Palocci, beneficiário da ilegalidade, que teve acesso ao dado conseguido ilegalmente, é um dos principais assessores de Dilma Rousseff. Circula por aí o seu charme de petista moderno e é visto por empresários como o garoto papo-firme do iê-iê-iê da Dilma. Devem acreditar que esse negócio de escarafunchar dados sigilosos é coisa que só atinge… caseiros. Não, senhores! Francenildo é qualquer um.
A entrevista de Gerardo Santiago deixa claro que a maquina começou a se organizar no estado e em seus entes associados há bastante tempo. E tem notável capacidade de pautar a imprensa, que passa a ser, então, uma espécie de funcionária aplicada do grupo.
Santiago revela que ninguém menos do que a então líder do governo no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC) bradou numa CPI, referindo-se ao deputado ACM Neto: “Ninguém tem nada contra esse moleque?” Entenderam? Ela estava perdendo o embate na CPI e precisava de alguma coisa extra-comissão. Sim, o bunker da Previ tinha lá uma acusação contra o avô do parlamentar — e Ideli, segundo o ex-diretor, começou a dar pulinhos de alegria. Aquilo que havia sido produzido na base da bandidagem, da ilegalidade, da safadeza, serviu a uma senadora da República para fazer política e virou matéria de capa da revista Carta Capital. É verdade que quase ninguém lê aquilo, mas a rede de difamação se encarrega de espalhar o “material jornalístico”.
Insisto: ou as entidades e organismos encarregados da defesa da lei e da Constituição reagem à altura do agravo à Carta, ou se candidatam todos a ser subordinados da Hidra — e isso vale também para a imprensa.
Encerro lembrando que chego a achar engaçados aqueles que me dizem de vez em quando: “Pô, Reinaldo, você fala em coisas como totalitarismo, hidra… Isso sataniza o PT; é um exagero”. Não! Quem “exagera” é o partido. Eu só estou defendendo o Artigo 5º da Constituição. E para o arremate: estamos diante de uma cultura. Como é mesmo que o PT anda pedindo dinheiro às empresas para a campanha de Dilma? Assim:
“Em 2006. procurei sua empresa como coordenador financeiro da campanha de reeleição do presidente Lula. Naquele momento, sua empresa não aceitou o convite para contribuir com nossa campanha. De todo modo, acredito que ela tenha se beneficiado com os avanços conquistados pelo Brasil…”
“Em 2006. procurei sua empresa como coordenador financeiro da campanha de reeleição do presidente Lula. Naquele momento, sua empresa não aceitou o convite para contribuir com nossa campanha. De todo modo, acredito que ela tenha se beneficiado com os avanços conquistados pelo Brasil…”
Eis aí: essa é a linguagem do novos “donos do poder”.
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