10 de agosto de 2010

O lixo moral da República dos Megalonanicos. Ou: a minha vergonha patriótica


Quer dizer que Lula assina as sanções contra o Irã “contrariado”? Que pena!

O ministro Celso Amorim fique tranqüilo. Não será por falta de vergonha que a gente vai ficar constrangido ao ler coisas assim. Eu me envergonho em seu lugar — uma vergonha que eu diria ser, assim, patriótica… Afinal, ele é brasileiro, também sou, e não há nada que eu possa fazer a esse respeito a não ser lamentar e… me envergonhar um pouco!
Lula está contrariado, é? Eu entendo: não é todo dia que um chefe de estado declara sua “amizade e carinho” por um ditador que manda enforcar adversários e que defende o apedrejamento de viúvas acusadas de adultério. Num rasgo de humanidade, o “sistema” mudou a acusação para assassinato e a pena para enforcamento. Quando o aparato repressivo de Ahmadinejad resolve ousar no terreno dos direitos humanos, não tem pra ninguém. Convenham: é um amor que merecia um melhor destino.
Pois é… Lula apostava tanto na sua estratégia de tratar um terrorista nuclear como bibelô! Achou que poderia mesmo assombrar o mundo com a sua “estratégia”. E aquilo tudo deu em nada. Ou nem tanto: alguma coisa mudou. O presidente brasileiro chegou a ser saudado como uma boa novidade entre os líderes dos países emergentes. No fim do mandato, sua estatura moral aos olhos do mundo é correspondente à altura de Celso Amorim.
As artimanhas retóricas deste senhor são preciosidades da empulhação. Vejam lá: “Alguns bancos e algumas empresas que foram suspeitas de terem envolvimento com atividades nucleares (…)”. “Suspeitas” uma ova! Essas empresas e bancos são divisões da Guarda Revolucionária Iraniana, onde está lotada a elite militar que governa o país. Hoje, antes de ser uma ditadura religiosa, o Irã é uma ditadura militar com ambições nucleares. A eleição se tornou mero ritual homologatório no país. O vencedor será aquele que for “eleito” pela Guarda — se não for no voto, vai na fraude, como se viu.
O aparato militar impõe hoje a sua vontade ao Conselho da Revolução Islâmica, que reúne os aiatolás. Eles chegaram até a ensaiar alguma resistência à escancarada fraude eleitoral no país — o aiatolá Lula divergiu e  disse que tudo não passava de disputa de torcidas —, mas os milicos botaram as armas na mesa. Ahmadinejad, o “amigo” por quem Lula tem “carinho”, é a face visível desse aparato.
Severos mesmo, como sabemos, Lula e Amorim são com a perigosíssima… Honduras!!!
E só para arrematar: o alinhamento do Brasil com ditaduras antiamericanas não é casual. Trata-se de um método. Amorim encaminhou à ONU um documento em que propõe que os violadores sistemáticos de direitos humanos não sejam mais alvos de censura, mas interlocutores de um bom bate-papo. Segundo este gigante, censuras ou sanções são ineficientes. Que visão!
O que isso significa? Que respeitadores e transgressores dos direitos humanos têm o seu lugar garantido no concerto das nações. Alguns porque prezam as liberdades públicas e os direitos individuais; outros porque enforcam e degolam seus adversários, do que decorre um corolário óbvio: nessa instância de que Amorim e Lula pretendem ser líderes morais, tanto faz enforcar ou respeitar o oponente.
É o lixo moral!
Por Reinaldo Azevedo

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