Eis que mais uma Semana Santa se aproxima e o Domingo de Ramos é a porta de entrada para a semana mais importante do ano na minha humilde e eqüina opinião. Talvez já tenha sido mais importante para as pessoas em outras épocas. Lembro que na minha infância, porém já com menos frequência, as famílias falavam em guardar silêncio, não se ouvia música em volume alto, havia um respeito no ar que eu não entendia muito bem, mas também respeitava: fazia parte desse decoro solene das famílias.
Havia também o peixe na sexta-feira já que não se comia carne. Hoje, muitos aproveitam o feriado pra fazer um churrasco. É do tempo, é do mundo, não condeno ninguém por isso. Eu, não-entendedor da gravidade da data, só esperava pela Páscoa por conta dos ovos de chocolate. A mensagem da Ressurreição ficava então, adormecida, esperando outra idade que compreendesse o porquê de sua importancia.
Gosto particularmente dessa semana que se inicia com o Domingo de Ramos porque, pra variar, na história da vida de Jesus, tenho um lugar especial. Já tratei disso em outros textos, mas não custa lembrar. Quem levou, puxado docilmente por José, Maria no dorso até Belém? EU! Quem fugiu apressado para o Egito levando o Menino Jesus quando Herodes pirou na batatinha? EU!
Mas, agora, em especial, no Domingo de Ramos, quem escolheu um burrico humilde para montar e entrar em Jerusalém aos gritos de “Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!”? Jesus Cristo!
Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, E sobre um jumentinho, filho de animal de carga. Mateus 21:5
Senhores, eis que o Rei dos Reis, o Senhor do Universo, a Palavra Viva, Aquele que poderia ter o cavalo mais belo, o alazão mais imponente, e que ainda assim não estariam a Sua altura e a Sua majestade, escolheu um burrico como eu para mais uma importante passagem em sua vida terrena.
Por quê?
Porque Jesus era manso e humilde como um burro, antes de burro ser um adjetivo ofensivo dado pelo homem a outro homem. Porque o Reino de Jesus não era desse mundo e nem todo ouro, prata e pedras desse mundo estão à altura de Sua imagem serena. Não valem Seu suor, não brilham como Seus olhos.
E faço agora, com lágrimas nos olhos, um agradecimento por Jesus ter me escolhido como sua montaria. Por vezes O carreguei durante a Sua milagrosa vida sem dar um pinote, um resmungo…e, pasmem, sem empacar nenhuma vez.
Mas hoje quem me leva no colo é Ele.
*(Quem teve a oportunidade de assistir a Missa deste Domingo e acenou seus ramos, saudando o Filho de Davi, lembrem que aquele burrinho somos todos nós.)

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