26 de abril de 2011

'Requião, um surto programado para não responder sobre dupla remuneração' (OU REQUIÃO, UM CANALHA EM AÇÃO)

Mais que a agressão ao repórter pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), assusta o elogio que mereceu do presidente do senado, José Sarney (PMDB-AP) pelo feito. “Trata-se de um cavalheiro”.


De Requião nada surpreende – sua biografia não registra méritos políticos ou administrativos, só escândalos do gênero.
Sua  gestão no governo do Paraná foi caracterizada por atos de nepotismo explícito, propaganda pessoal com estrutura pública e permanente clima de tensão com a imprensa.


Se vale do estilo do velho coronel da política, intimidatório e polêmico, uma estratégia para fugir aos questionamentos que recebe ao longo do exercício de mandatos.


Nesse momento, a fuga é ao tema de sua renda como ex-governador, uma aposentadoria precoce, que lhe garante  uma dupla remuneração pelo erário – no que, diga-se a bem da verdade, não está só.


Por isso mesmo, o silêncio dos colegas em relação ao seu comportamento.


O senador furtou um gravador, não há outro termo para  qualificar seu ato. Devolveu-o, mas não o chip do qual se apropriou com as gravações de um profissional.


Deu publicidade a seu ato afastando qualquer possibilidade de arrependimento.


Um cidadão sem mandato e sem proteção parlamentar estaria preso numa situação análoga.


É mais inacreditável a mensagem que postou no twitter, pela prova que representa do ato pensado e reafirmado, fruto não de um rompante emocional (o que não o justificaria), mas de uma soberba que o faz sentir-se acima do bem e do mal.


Requião reflete o conceito que  a maioria de políticos e autoridades têm da missão pública: não a de servir ao país, mas dele servir-se.
Como recentemente fez o deputado Pedro Novaes, (PDB-MA), que repassou à Câmara suas despesas num motel. Foi premiado com o ministério do Turismo.


Pior que ao invés de perder o respeito de seus pares, terá deles um temor reverencial – e, não é exagero dizer,  a julgar por ontem – também físico.


Mas o respeito do eleitor e cidadão ele perde, assim como o parlamento vem perdendo há muito tempo.


< http://blogs.estadao.com.br/joao-bosco/requiao-um-surto-programado-para-nao-responder-sobre-dupla-remuneracao/>

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