Nitidamente o Palácio do Planalto dá sinais de pânico diante do agravamento da crise que envolve o segundo homem do governo, o ministro Antônio Palocci. Vale tudo para blindar o Ministro. A começar a ordem unida dada pela presidente para que sua tropa vá para o contra-ataque, por considerar que está em curso uma campanha de “difamação” contra Palocci.
Engraçado é que este argumento de uma campanha de difamação também foi utilizado no caso de Erenice Guerra, do mensalão e outros escândalos patrocinados por governos petistas. Mas voltemos ao que importa, o caso Palocci, em que a cada dia surgem fatos novos em escala galopante e mais graves.
Em vez de uma suposta campanha de difamação da oposição, o que pode estar havendo é fogo amigo, com petistas insatisfeitos com a concentração de poderes nas mãos de Palocci estariam alimentando os meios de comunicação. A imprensa, por seu turno, tem feito o seu papel republicano de investigar e informar.
Se não houvesse nada de anormal no enriquecimento a jato de Antônio Palocci, não haveria razão para tanto pânico e muito menos para ações desesperadas que visam a blindagem do todo-poderoso Chefe da Casa Civil. Na última quarta-feira tivemos um belo exemplo de até aonde chega o desespero dos governistas.
Parlamentares governistas mandaram trancar os plenários de duas comissões nas quais a oposição apresentaria requerimento de convocação de Palocci. Para que a seção não fosse realizada, a base governista utilizou a Polícia Legislativa como leão de chácara, para barrar a entrada no plenário, de parlamentares da oposição. Nem nos tempos da ditadura, se viu algo igual. A ditadura cassou mandatos e fechou o Congresso algumas vezes, é verdade, mas jamais impediu que a oposição adentrasse em uma das comissões da Câmara, quando o Parlamento estava em funcionamento.
É este esforço desesperado dos governistas de inviabilizar qualquer explicação por parte de Palocci que vem aumentando as desconfianças de que há algo de podre no Reino da Dinamarca, ou melhor, no aumento extraordinário do patrimônio do segundo homem do governo.
Em matéria de sucesso empresarial, Palocci de fato é um gênio. Em 2010 foi coordenador da campanha de Dilma, o que certamente lhe tomou grande parte do seu tempo. Foi a partir daí que ele granjeou a confiança de Dilma, ao ponto de ser o membro do governo com mais força, logo após a presidente. Pois bem, no ano da disputa presidencial, a empresa de Antônio Palocci faturou 20 milhões de reais, como revelou a Folha de São Paulo. Em 2006, que também foi um ano eleitoral, sua empresa faturou apenas R$ 160 mil.
De maneira célere, o Ministério da Fazenda e o ministro da Justiça divulgaram uma nota na qual afirmam que o COAF não tem informações sobre operações financeiras do chefe da Casa Civil e que não alertou à Polícia Federal sobre a compra de imóvel, por parte de Palocci. Acontece que o jornal mantém a informação, pois tem em suas mãos uma conversa gravada com uma fonte do primeiro escalão da equipe econômica, na qual esta fonte foi clara ao dizer que a notificação do COAF, feita há seis meses, envolvia movimentação financeira entre a Projeto (a empresa de Palocci) e uma empresa sob investigação.
Quem está falando a verdade? O governo que quer tapar o sol com a peneira ou o Estadão? Preferimos acreditar jornal, que tem um longo histórico de seriedade em suas reportagens.
Tudo estaria esclarecido, se o ministro revelasse, em uma seção fechada de uma das comissões do Congresso Nacional, quem foram seus clientes e qual a natureza o contrato que assinou com eles. Como não age assim, a imprensa vai descobrindo novos fatos, que reforçam as suspeitas de que o então deputado federal Antônio Palocci praticou tráfico de influência, no mínimo.
Um grupo WTorre admitiu que contratou os serviços da empresa de Palocci para “prestar consultoria num assunto corporativo”. Até aí, nada demais. Acontece que o grupo WTorre fechou negócios com fundos de pensão e com a Petrobras entre 2006 e 2010, avaliados em R$ 1,3 bilhão. Por um desses “acasos da natureza”, este grupo fez uma doação para a campanha de Dilma de dois milhões de reais, quando um dos coordenadores desta campanha era exatamente Antônio Palocci. Que coincidência, não?
O site UCHO.INFO, “a marca da notícia”, dá algumas informações que são de arrepiar. Nelas aparece o nome do atual assessor especial da Casa Civil, Brani Contic, ex-chefe de gabinete do então deputado federal Antônio Palocci, que frequentava um escritório em São Paulo, para aprender como se emitia a nota fiscal paulista. Detalhe importante: a empresa de Palocci sublocou uma sala neste escritório, mas o então deputado nunca apareceu por lá. Aqui há pelo menos uma irregularidade: Brani Kontic era pago pela Câmara dos deputados para também cuidar dos assuntos relacionados à empresa de Palocci.
O site revela aquilo que Palocci vem transformando em segredo de Estado, o nome de algumas empresas às quais ele prestou “consultoria”: Pão de Açúcar, Íbis, LG, Samsung, Claro-Embratel, TIM, Oi, Sadia Holding, Embraer Holding, Dafra, Hyundai Naval, Halliburton, Volkswagen, Gol, Toyota, Azul, Vinícola Aurora, Siemens, Royal Caribbean
Quanto mais o Palácio do Planalto blindar o seu chefe da Casa Civil, maior será a ação investigativa dos meios de comunicação e maior será a combatividade da oposição.
Já vimos este filme em episódios como o “Erenicegate” e sabemos o quanto seu desfecho provoca pânico no governo. Foi assim com Lula. Dilma já começa a ter seu batismo de fogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário