12 de setembro de 2013

'Astúrias reúne mar, montanhas e História no norte da Espanha'

As praias e parques da região espanhola ficam concorridos durante o verão*

Toranda, praia familiar no caminho para reduto de nudismo Foto: (Foto de Júlia Motta)

OVIEDO - Foi Oviedo, a capital, que brilhou pela primeira vez nas telonas, em “Vicky Cristina Barcelona” (2008), de Woody Allen. Mas Astúrias, no norte da Espanha, tem muito mais. Tem praias desconcertantes, como a de Torimbia, no município de Llanes, ou curiosas, como a de Gulpiyuri, em Naves — que fica numa caverna ligada ao mar. E se no verão a região é famosa pelas praias banhadas pelo Mar Cantábrico, são as montanhas, os Picos de Europa, as mais procuradas durante o restante do ano. Foram os dois lagos de Covadonga que deram origem a uma das formações rochosas mais bonitas do país.

A Praia de Gulpiyuri tem uma particularidade que faz dela única — e até um pouco secreta: da praia não se vê o mar. A pequena faixa de areia de 40 metros fica numa caverna. Declarada Monumento Natural pelo Principado de Astúrias, a praia é na realidade um pequeno buraco formado ao lado do mar, mas separado dele por um penhasco. A ligação é por uma caverna que permite a passagem das marés. O acesso é pela estrada de chão que começa na Praia de San Antolín, a 500 metros dali, muito procurada por surfistas.

Mas se Gulpiyuri ganha pelo inusitado, ficam em Llanes as praias mais concorridas. São mais de 50 quilômetros de litoral de areia branca e vegetação. Dentre as cerca de 20 praias de Llanes, Torimbia é uma das imperdíveis. Para chegar a esse pequeno reduto de nudismo desde a década de 1960, é preciso ir até Niembro e estacionar na Praia de Toranda, bem familiar. Dali, são 15 a 20 minutos a pé. No caminho já se tem uma ideia da beleza da praia. Águas transparentes, areias branquíssimas, quase sem ondas. E com uma vantagem: por ser nudista, não é tão badalada e mantém suas belezas naturais intactas. Belezas que podem ser vistas ainda em praias como a Cuevas del Mar ou a de Barro, bem perto dali, ou a do Silencio, em Cudillero, que já foi de nudismo e hoje é uma das mais frequentadas da região.

Parque. Lagos e trilhas entre as montanhas

Se as praias asturianas são uma atração à parte, as montanhas são a grande sensação de Astúrias. Foi o conjunto de Covadonga que deu origem ao Parque Nacional dos Picos de Europa, o primeiro da Espanha, declarado espaço natural protegido em 1918. A 6 km da entrada do parque natural — no verão é preciso subir os 12 km em ônibus especial, porque a estrada costuma lotar — está a Basílica de Covadonga, única atração do pequeno povoado, além do parque e de alguns poucos restaurantes típicos. A igreja leva o nome da padroeira de Astúrias, a Santina, que, diz a lenda, teve papel fundamental para ajudar o rei Pelayo a expulsar os muçulmanos da região.

Lugar de peregrinação e culto dos asturianos, a basílica guarda os restos mortais de Pelayo e de Alfonso I. No altar, um painel de ouro representa a batalha de Covadonga, que marcou o início da resistência contra o domínio mouro, nas proximidades de Cangas de Onís.
Mas voltemos ao Picos de Europa. A região montanhosa, que se espalha pelo norte da Espanha, estende-se pelas regiões de Cantábria, Astúrias e Castilla y León. Mas é ali, perto dos Lagos de Covadonga, que começa o parque nacional mais visitado do país.

Desde praticantes de mountain bike e esportes radicais a turistas de todas as partes do mundo, o lugar é procurado principalmente no verão, quando as temperaturas médias são de 25° C. Nessa época, o acesso ao parque só é feito em ônibus especial, que faz quatro paradas desde o município de Cangas de Onís — um lugar perfeito para se hospedar — até a basílica.

Em uma caminhada curta, de cerca de uma hora, pode-se conhecer os dois lagos de Covadonga, Ercina e Enol, as principais atrações desta parte do parque. O percurso passa ainda por antigas minas de Buferrera, uma formação rochosa de onde se extraía magnésio e ferro, e pelo mirante de Príncipe de Astúrias, em uma caminhada agradável, sem grandes subidas. A vegetação se mistura com as formações rochosas, criando cenários curiosos — não se sabe bem onde as pedras acabam e começam as árvores — cercados por simpáticas vaquinhas e bois.

Cangas de Onís: queijo e sidra

Quem circula por Astúrias além de Oviedo, pode e deve se hospedar no pequeno município de Cangas de Onís, ao lado de grande parte das praias da região e da entrada dos Picos de Europa. Logo na entrada, vê-se a Ponte Romana, declarada Monumento Histórico e Artístico em 1931 e um dos símbolos mais representativos da reconquista da Península Ibérica.

A cidadezinha, primeira das capitais do Principado de Astúrias, é também famosa pelos queijos e pela sidra, como toda a região. Mas é ali onde se pode beber na fonte, nos pequenos restaurantes que vendem garrafas de fabricação própria por € 2. Em Cangas de Onís fica também a La Barata, loja que vende o queijo típico da região, o cabrales. Imperdível também é o restaurante El Campanu, em frente à Ponte Romana. Os peixes e frutos do mar são frescos e vendidos por peso. Vale a pena experimentar ainda, entre os pratos típicos, a famosa favada — a feijoada asturiana com feijão branco, para repor as forças após as caminhadas matinais.


* Fonte: http://oglobo.globo.com/boa-viagem/asturias-reune-mar-montanhas-historia-no-norte-da-espanha-9914314

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