21 de junho de 2011

'Proibido proibir virou política de estado'

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Gramática é difícil de se entender? Que se extinga o ensino da Gramática nas escolas, jogue-se a norma culta à lixeira e que cada um comunique-se da maneira que lhe convier, sem certo ou errado. A máxima de Camões “minha pátria é minha língua” passe a ser apenas uma licença poética condenada a jamais ser compreendida pelas novas e futuras gerações, afinal de contas, para que perder tempo com velharias?

Combater o plantio, tráfico e uso de drogas tem-se mostrado inócuo no passar das gerações e décadas? Que se legalizem o plantio, o tráfico e o consumo de drogas. Que se faça a vontade daqueles que alegam ser de seu livre arbítrio o consumo, mesmo que essa liberalização leve mais e mais jovens ao consumo e ao negócio, mesmo que mais e mais famílias sofram com seus adictos sem tratamento eficaz dado pelo poder público. Aliás, para que tratamento bancado pelo erário se o consumo foi de livre vontade do usuário?

Licitações públicas não evitam desvios de verbas, negociatas, comissões ou taxas de sucessos, seja lá qual seja o neologismo para essa tramóia, e a fiscalização é cara, trabalhosa e inócua? Que se abolam a obrigatoriedade das licitações ou “flexibilize-se” a obrigatoriedade. Para não afligir os pobres contribuintes, que se mantenham secretos os orçamentos, os contratos, as empresas contratadas. A população não tem que meter o bedelho nos negócios do Estado, para isso elegeu seus representantes, pois que a eles sejam dados os poderes ilimitados.

As prisões são frágeis, os carcereiros são despreparados, mal treinados, mal remunerados e mal equipados? As prisões estão superlotadas? O cidadão não pode oferecer provas que o autoincriminem? Ora, que se mantenha no Código Penal o direito dos custodiados pela polícia a fugirem sem que isso lhe acrescente agravante na eventual pena, que se permita ao bêbado motorista negar-se a fazer o teste do bafômetro.

O Estado não consegue julgar todos os réus dentro do prazo estabelecido em lei e não tem presídios para todos os condenados? Pois que se flexibilizem mais essas leis e criem-se penas alternativas, afinal de contas, assaltantes, estupradores, pedófilos, corruptos, assassinos e qualquer outro tipo de “suspeitos” não são gente má, apenas vítimas da sociedade, que tem, por obrigação moral, recompensá-los pelos males que fizeram às suas psiques.

Os alunos de Direito não conseguem aprovação nas provas da OAB? Ora, coitados, a culpa não é deles, mas das escolas em que cursaram. Que se acabem com os exames de admissão na Ordem, que todos os bacharéis tornem-se doutores-advogados e os potenciais clientes leigos (palavra que boa parte dos advogados gostam de usar quando querem defender-se numa discussão com algum cidadão que não seja da área jurídica) façam a seleção por competência.

Seguindo esta postura em relação aos bacharéis de Direito, baseado na máxima constitucional da isonomia, pode-se estudar também o fim da residência para os concludentes de Medicina. Depois de seis anos de faculdade o pobre jovem não teria sido suficientemente punido a ponto de merecer o título de doutor-médico?

Caetano tinha razão quando cantou, lá pelos 1967, que “é proibido proibir”. Os nossos consecutivos governos comuno/socialistas/inconseqüentes interpretaram à sua maneira a vontade do compositor e, desde a promulgação da maldita “constituição cidadã”, que a mesma esquerda recusou-se a assinar, interpretaram à sua maneira, abolindo, paulatinamente, todas as regras sociais, éticas, sociais e morais já estabelecidas, proibindo qualquer censura ao que antes era errado e decretando que só é permitido proibir atos, palavras e, quiçá, pensamentos daqueles que não aderiram às colunas vermelhas que avançam enquanto engrossam, sobre as massas dispersas de opositores. Ou melhor, golpistas, como eles, eternas vítimas, gostam de nos chamar.

©Marcos Pontes

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