MARCUS ALCOFORADO *
Em matéria de política internacional, Lula é a própria voz da insensatez. Todo mundo sabe que o mundo árabe virou um barril de pólvora, do qual o Brasil deve manter uma prudente distância, limitando-se a acompanhar as nações civilizadas e democráticas em buscas de soluções pacíficas e na condenação às ditaduras.
O novo governo vem acertando na sua postura em relação à crise do Oriente Médio e do Norte da África. Mas Lula adora ficar na contramão. Pregou, em um fórum promovido pela TV Al Jazeera, no Qatar, uma maior aproximação do Brasil com o Oriente Médio, como forma de o país “tornar-se menos dependente da Europa e dos Estados Unidos”.
Segundo o caudilho, o Brasil ficou afastado do mundo árabe “por interesses das grandes potências”. As palavras de Lula são a reafirmação do antiamericanismo pueril e do terceiro-mundismo que deram o tom da política externa do Brasil, quando ele foi presidente. Além do mais, alardear posições antiamericanas nas vésperas da visita de Obama – quando importantes acordos comerciais poderão ser encaminhados – beira a imbecilidade.
Todos nós sabemos a que esta postura nos levou. O Brasil não ampliou sua participação no mercado mundial e a aproximação de Lula com ditadores da África e do Oriente Médio fez do Brasil motivo de galhofa no cenário internacional e nos levou ao isolamento.
Claro, no Qatar, Lula elogiou os ventos democráticos que varrem o mundo árabe, até porque não poderia dizer outra coisa. Esquece ele, porém, que quando foi presidente chamou Kadafi de “amigo e irmão” e manteve relações fraternas com o ditador Mubarak, dentre outros.
Mesmo no fórum promovido pela TV Al Jazeera, Lula evitou declarações mais contundentes contra Kadafi. Limitou-se a dar conselhos do tipo “é preciso que Kadafi se disponha a conversar, ou que convoque uma eleição, um referendo, para que seja possível medir o tamanho do desejo do povo sobre sua saída”.
O conselho ao velho “amigo e irmão” destoa inteiramente da posição da União Europeia e dos países democráticos e da própria Liga Árabe, que não reconhecem mais a legitimidade do governo de Kadafi e exigem sua deposição imediata. A ONU, por sua vez, aprovou que o ditador líbio seja julgado pelo Tribunal Internacional de Haia, por ter cometido crimes contra a humanidade.
Não vamos aqui historiar todo o desastre da política externa do governo Lula, cujo ápice foi o absurdo apoio dado à ditadura teocrática e fundamentalista do Irã. Vamos apenas registrar que, quando foi presidente do país, ele rompeu com o que há de melhor na tradição do Itamaraty, que é a observância dos valores da democracia, da autodeterminação dos povos e da defesa dos direitos humanos.
No Oriente Médio, Lula repete mais do mesmo, agora, felizmente, para uma audiência muito reduzida.
* FONTE: < http://pitacos-politicos.zip.net/ >
Nenhum comentário:
Postar um comentário